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sábado, 4 de dezembro de 2004

 
Depois de vinte anos de trabalhos e estranhas aventuras, Ulisses, filho de Laertes, volta à sua Ítaca. Com a espada de ferro e com o arco executa a devida vingança. Atónita até ao medo, Penélope não se atreve a reconhecê-lo e alude, para o provar, a um segredo que partilham ambos e mais ninguém: a do seu tálamo comum, que nenhum dos mortais pode mover, porque a oliveira com que foi talhado o liga à terra. Esta é a história que se lê no livro vigésimo terceiro da Odisseia.
Homero não ignorava que as coisas se devem dizer de maneira indirecta. Também não o ignoravam os seus Gregos, cuja linguagem natural era o mito. A fábula do tálamo que é uma árvore é uma espécie de metáfora. A rainha soube que o desconhecido era o rei quando se viu nos seus olhos, quando sentiu no seu amor que o amor de Ulisses a encontrava.

J. L. Borges
in História da Noite, 1977.



A ele deu resposta a sensata Penélope:
"Meu filho, tenho o coração no peito cheio de espanto;
não consigo proferir palavra alguma, nem perguntar nada,
nem sequer olhar para ele, olhos nos olhos. Mas se ele é
na verdade Ulisses chegado a sua casa, sem dúvida ele e eu
nos reconheceremos de modo seguro, pois temos
sinais, que só nós sabemos, escondidos dos outros."
(...)

"Mulher incompreensível, mais do que a qualquer outra mulher
foi a ti que deram um coração inflexível os que no Olimpo habitam.
Nenhuma outra mulher se manteria afastada com tal dureza
do marido que, tendo padecido tantos sofrimentos,
regressa no vigésimo ano à terra pátria.
Agora, ó ama, faz-me uma cama, para que me deite.
Na verdade o coração dela é feito de ferro."

A ele deu resposta a sensata Penélope:
"Homem incompreensível, não sou orgulhosa nem te desdenho.
Também não me espanto, pois lembro-me bem como eras
quando partiste de Ítaca na tua nau de longos remos.
Vai lá, ó Euricleia, e faz-lhe a cama robusta,
fora do quarto bem construído, que ele próprio fez.
Depois de teres tirado para fora a robusta cabeceira,
põe cobertores, velos e mantas resplandecentes."

Assim falou, para pôr à prova o marido. Mas Ulisses
encolerizou-se e assim disse à esposa fiel:
"Mulher, na verdade disseste uma palavra dolorosa!
Quem é que mudou o lugar da minha cama? Difícil seria
até para quem tivesse grande perícia, a não ser que tenha
vindo um deus, que facilmente a colocou noutro lugar.
Mas não há homem vivo entre os mortais, ainda que jovem,
que fosse capaz de tirar de lá a cama, pois um sinal notável foi
incorporado na cama trabalhada que eu (e mais ninguém!) fiz.
Dentro do pátio crescia uma oliveira verdejante,
forte e vigorosa, cujo tronco se assemelhava a uma coluna.
Em torno dela construí o quarto nupcial, até que o completei
com pedras bem justas e por cima pus um telhado.

Homero in Odisseia, Canto XXIII, 105, 170.



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