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quarta-feira, 15 de agosto de 2007

 
Malone


Foto de Katarzina Widmanska


Porque não é como se ele tivesse meios de obter, num só dia, provisões suficientes para se manter em vida durante três semanas ou um mês, e que é isso, um mês, por comparação com a senescência inteira, sem falar do secadouro, uma miséria. Mas não tem esses meios, e se os tivesse não saberia aproveitá-los, tão longe se sente do dia de amanhã. E sem dúvida que já nem acredite nele, à força de o ter esperado em vão. E talvez esteja nesse ponto do seu instante em que viver é errar só e vivo no fundo de um instante sem limites, onde a luz não muda e onde os destroços são todos semelhantes. Os olhos só levemente mais azuis do que uma clara de ovo fixam o espaço à sua frente, que seria então a plena calma eternamente dos abismos. Mas de longe em longe fecham-se, com essa subitaneidade branda das carnes que se apertam, muitas vezes sem cólera, fechando-se sobre si próprias. Vemos então as velhas pálpebras, vermelhas e esfarrapadas, que parecem ter dificuldades em juntar-se, porque são quatro, duas por cada lágrima. E é talvez então que ele vê o céu do velho sonho, cruzeiros e terra também, e os espasmos das vagas das quais nenhuma se mexe sem que todas as outras se agitem do mesmo modo, e o movimento tão diferente dos homens por exemplo, que não estão presos uns aos outros mas são livres de ir e vir, cada um a seu jeito. E não se abstêm de o fazer e vão e vêm, com o ruído de cegarrega dos seus estalidos de articulados de grandes dimensões, cada um pelo seu lado. E quando há um que morre os outros continuam, como se nada fosse.


Samuel Beckett in Malone está a morrer, 1951.



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