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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

 
Monumenta 2010



Quem, até ao passado dia 21, teve oportunidade de ver a instalação de Christian Boltanski no Grand Palais, surpreendeu-se com a dupla leitura que Personnes proporciona. É evidente a intencionalidade de Boltanski ao criar essa duplicidade de atmosferas e de leituras baseada no próprio desenrolar do tempo, neste caso, na passagem do dia para a noite ou na existência de luz natural e da ausência dela.



Personnes é uma instalação que se deve ver ao fim da tarde e prolongar a visita para a noite.
Quando se entra, ainda com luz natural, a atmosfera é excessivamente crua. Auschwitz-Birkenau está ali presente, tem-se a percepção esmagadora de se entrar numa fábrica de morte. A entrada é travada por uma imensa parede de caixas metálicas, cada uma com um número, caixas que aliás Boltanski já usou noutras intervenções. No imenso espaço do Grand Palais, as roupas espalhadas pelo chão em talhões cuja luz artificial branca é ofuscada pela luz natural que entra pelo tecto envidraçado remetem para fragmentos de corpos esvaziados, as cores dessas roupas e o seu evidente uso são demasiado escatológicas. Boltanski faz aqui um apelo agressivo a uma memória colectiva ainda muito próxima e já muito datada historicamente.



Ainda com esta luz natural, o destino e o anonimato são evidentemente colectivos, o espectador é forçado a diluír a sua identidade nesta fábrica da morte, percepção ainda mais acentuada pelo som que, se por um lado se parece com o batimento de centenas de corações, por outro, é imediatamente sentido como o insuportável ruído proveniente de uma fábrica em funcionamento. Fábrica da morte, fábrica do destino inevitável, de milhares de corpos estendidos no chão, abandonados à sua sorte, perdida que foi qualquer réstia de identidade.



Com o decorrer do tempo, a luz natural vai desaparecendo, o dia acaba e o imenso tecto do Grand Palais escurece. Faz frio, muito frio dentro do Grand Palais. Boltanski optou por prescindir do aquecimento daquele espaço, como aliás explica numa das entrevistas. Está-se agora num espaço escuro em que aquelas dezenas de talhões delimitados por postes de aço passam a ser iluminados apenas por luzes florescentes brancas. Num dos topos do Grand Palais, a imensa pilha de roupa continua, a uma cadência constante, a ser "agarrada" pelas pinças mecânicas de uma grua que, uma vez junto ao tecto, larga aqueles "corpos" que agarrou.



Curiosamente, com a obscuridade, a instalação toma um carácter intimista. Aquilo que, com a luz natural, era da ordem do insuportável, da mais profunda crueza, ganha outra qualidade. A atmosfera torna-se quase redentora, simbólica, quase religiosa.



O destino, ainda inevitável, não nos surge já como assustador mas antes como algo a cumprir, alguma coisa que faz sentido individualmente e cujo cumprimento remete para uma necessidade no constante devir das gerações. A morte, ainda presente, surge-nos agora quase como necessária, justificando a memória individual e a assumpção de uma identidade.




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